UMECTAÇÃO, PRÉ-LIMPEZA, LIMPEZA e DESCONTAMINAÇÃO DE ARTIGOS MÉDICOS E
ODONTOLÓGICOS UTILIZANDO UM PRODUTO COM CAPACIDADE DE LIMPEZA E ELIMINAÇÃO
DE MICRORGANISMOS – MODERNAS PRÁTICAS EM CONTROLE DE INFECÇÕES E
BIOSSEGURANÇA.
EVIDENCIAS QUE JUSTIFICAM A PRÁTICA DA UMECTAÇÃO, PRÉ-LIMPEZA E
LIMPEZA/DESCONTAMINAÇÃO DE ARTIGOS CRÍTICOS E SEMICRÍTICOS COM PRODUTO
CONTENDO SUBSTÂNCIA ATIVA CAPAZ DE UMECTAR, LIMPAR E ELIMINAR MICRORGANISMOS.
Não há dúvidas de que o conhecimento, atualização e a padronização de um eficiente processo
de limpeza de artigos médicos e odontológicos, baseado na redução de sujidade, carga orgânica
mas também e especialmente na eliminação de microrganismos (carga microbiana) é fundamental para que os processos posteriores (desinfecção e/ou esterilização) sejam também mais eficazes e seguros.
Redução de carga microbiana eliminando microrganismos não ocorre com produtos que apenas removem microrganismos juntamente com a sujidade orgânica (ex: detergentes comuns, detergentes enzimáticos e outros que tem o objetivo único de limpar). Menos ainda pode se esperar de um processo de limpeza e eliminação de microrganismos com o uso apenas da água pois, devido à alta tensão superficial da mesma, a umectação não ocorre adequadamente. Por isto a importância dos tensoativos (detergentes) que atuam reduzindo a tensão superficial dos líquidos para uma maior dispersão e penetração dos mesmos sobre as superfícies e micro
porosidades e entranhas de produtos para saúde, ajudando assim a remover e suspender a sujidade presente. Hoje dentro das modernas práticas do Controle de Infecções e Biossegurança a limpeza por si só não basta (Meyer B,. Manual of reprocessing of medical instruments – Clean or disinfect? Eight Congress of the International Federation of Infection Control (IFIC) – 032;2011 ). Para tanto os profissionais comprometidos com o controle de infecções e biossegurança precisam estar atualizados quanto ao processo de limpeza de produtos para saúde. Evidências que justificam o uso de composições químicas que limpam e ao mesmo tempo
eliminam microrganismos (ex: detergentes combinados a substâncias ativas antimicrobianas). Umectação ou hidratação dos produtos para saúde médicos e odontológicos pós uso: Momento primordial da limpeza / descontaminação. Esta ação reduz a secagem, coagulação, precipitação de sujidades e, no caso de aplicação de solução de limpeza com ação antimicrobiana, previne a contaminação e disseminação de microrganismos. Deve ser realizada sobre os instrumentais e
artigos médicos / odontológicos imediatamente após o término de procedimentos cirúrgicos e outros com presença de matéria orgânica, preferivelmente com produtos capazes de umectar e eliminar microrganismos simultaneamente. A umectação de produtos para saúde médicos e odontológicos deve ser realizada o mais
rapidamente possível após o uso, tão perto quanto possível do local de utilização, antes de transportar materiais possivelmente sujos e contaminados, de acordo com um procedimento aprovado pelo responsável. A ação Bactericida, fungicida e, eventualmente, a eficácia virucida dos produtos de limpeza e desinfecção são determinados por normas e testes aplicáveis. Sangue seco ou sujidade fixada nos instrumentais são potenciais meios de cultura e tornam a remoção mais difícil comprometendo a eficácia dos processos de desinfecção ou esterilização.
Risco Ocupacional na manipulação e transporte de produtos para saúde.
Como um detergente desinfetante de alcalinidade suave e atividade antimicrobiana pode
contribuir para a redução do risco ocupacional – risco biológico?
A pré-limpeza e a limpeza/descontaminação (limpeza combinada com a eliminação de microrganismos) é uma fase importante do processamento a ser executada em artigos e materiais sujos e contaminados a fim de reduzir a microbiota e proliferação de microrganismos, podendo otimizar a limpeza num passo seguinte reduzindo o risco ocupacional dentro da CME. É importante evitar a secagem de matéria orgânica sobre o material. A umectação, pré-limpeza, limpeza/descontaminação (limpeza combinada com a eliminação de microrganismos) visam também proteger os profissionais de saúde contra possíveis contaminações ao manusear artigos médicos e odontológicos bem como evitar a disseminação de microrganismos no meio ambiente. Tal procedimento, que também busca a segurança do usuário, vai principalmente de encontro a normas nacionais e internacionais de segurança do trabalhador da saúde que
manipula materiais com agentes biológicos (NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde – Riscos Biológicos / RDC Nº 63, DE 25 DE NOVEMBRO DE 2011). Agentes biológicos são amplamente encontrados no ambiente natural e, como resultado, são encontrados em muitos setores de trabalho, em especial nos serviços de reprocessamento de produtos para saúde (ex: CME, Centro cirúrgico). Agentes biológicos incluem, por exemplo, bactérias, fungos, vírus e tem grande potencial para causar disseminação, contaminação e consequentes problemas de saúde, caso sejam negligenciados.
Como microrganismos são invisíveis, muitas vezes é difícil avaliar os riscos que eles apresentam. O trabalhador que manipula produtos para saúde está constantemente exposto a riscos biológicos como:
– ser infectado por um agente biológico,
– disseminação de microrganismos para o ambiente
– estar exposto a toxinas produzidas pelo agente biológico, ou
– ter reação alérgica ao agente biológico ou substâncias que o mesmo produz, por
exemplo, enzimas.
Como é sabido, microrganismos têm a capacidade de se multiplicar rapidamente, requerem recursos mínimos para sobreviver e podem infectar em doses muito pequenas. No local de trabalho, a exposição a agentes biológicos pode ocorrer de forma não intencional, onde o funcionário é exposto ao agente biológico devido ao trabalho que realiza, por exemplo, manipulando produtos para a saúde contaminados nos processos de preparo dos materiais, no transporte, pré-limpeza, ou limpeza. Tendo em conta a atividade, o risco de exposição deve ser reduzido para um nível tão baixo quanto necessário, a fim de proteger adequadamente a saúde e a segurança dos trabalhadores em causa.
Atualmente, não existem valores-limite de exposição ocupacional (VLEO) estabelecidos para agentes biológicos, embora alguns Estados-Membros da UE, por exemplo, tenham estabelecido limites relativamente às toxinas que podem ser produzidas por determinados agentes biológicos. Os valores-limite de exposição ocupacional (VLEO) não foram definidos porque a diferença essencial entre agentes biológicos e outras substâncias perigosas é sua capacidade de se reproduzir / replicar. Uma pequena quantidade de um microrganismo pode crescer consideravelmente em um tempo muito curto sob condições favoráveis e assim o valor / nível /volume de um organismo não permanece constante. Para evitar o ressecamento da matéria orgânica e possível geração de meio de cultura que possa propiciar a proliferação de microrganismos na superfície de produtos para saúde bem como disseminação de microrganismos no ambiente, a umectação dos mesmos após procedimentos cirúrgicos deveria ser realizada, de preferência, com produtos que façam umectação e comprovadamente redução da carga microbiana por eliminação de microrganismos e não simplesmente por remoção. Esses produtos devem ser compatíveis com os artigos médicos / odontológicos e preferencialmente não devem conter substâncias que possam fixar sujidade e matéria orgânica, como proteínas, por exemplo ( Bonnes Pratiques De Pharmacie Hospitaliere. Ministere De l’Emploi et de la Solidarite. Ministere Delegue a La Sante. 1ère édition – juin 2001). Restos proteicos remanescentes nos produtos para saúde podem ser fixados por secagem ou pelo uso de produtos químicos inadequados. A formação de biofilme é possível se os passos de limpeza e enxague não foram executados corretamente. Como algumas bactérias Gram-negativas podem sofrer divisão celular a cada 20 a 30 minutos, é essencial completar todos os passos do reprocessamento rapidamente, antes que o crescimento bacteriano ocorra e os resíduos sequem nas superfícies [Roberts CG. The role of biofilms in reprocessing
medical devices. Am J Infect Control 2013; 41: S77 – S80 / Gastroenterological Society of Australia/Gastroenterological Nurses College of Australia (GESA/GENCA). Draft document for discussion. Infection control in endoscopy – Multidrug resistant outbreaks response. 04 2016 / Beilenhoff Ulrike et al. Reprocessing in GI endoscopy: ESGE–ESGENA Position Statement – Update 2018]. Microrganismos incorporados em biofilmes são 10 a 100 vezes mais
resistentes a produtos químicos do que microrganismos planctônicos (flutuantes) [Otter JA, Vickery K, Walker JT et al. Surface-attached cells, biofilms and biocide susceptibility: implications for hospital cleaning and disinfection. J Hosp Infect 2015; 89: 16 – 27] e são freqüentemente liberados de biofilmes.
A eliminação de microrganismos e da Substância Polimérica Extracelular (SPE) é importante, na prática, para evitar ou reduzir a fixação de novos microrganismos e renovação do biofilme. Portanto, detergentes ou produtos incapazes de eliminar microrganismos, sem ação antimicrobiana, apresentam menor capacidade de redução ou eliminação do biofilme. Enzimas e detergentes foram igualmente utilizados na tentativa de aumentar o efeito sinérgico e a eficácia dos desinfetantes. No entanto, o mecanismo de ação das enzimas que atua unicamente sobre substratos (sujidade) específicos dificulta a atividade das enzimas devido aos diferentes
e variados tipos de biofilme. Na maioria dos casos uma boa e eficiente pré-limpeza ou uma boa limpeza, utilizando um produto que limpe e elimine microrganismos ao mesmo tempo, pode trazer melhores resultados no controle do biofilme (Meyer B. Approaches for Preventing, Removing and Killing Biofilms. Asseptica. Journal for Hygiene in Hospitals and Medical Practice. Edition, November 2005;9-11) . A imersão ou umectação de artigos, pura e simplesmente na água ou em detergentes que apenas fazem umectação ou limpam, geram meio de cultura e permitem comprovadamente o crescimento de microrganismos facilitando a disseminação de material potencialmente contaminante no local de limpeza dos instrumentais / artigos e outras áreas (Meyer B,. Manual of reprocessing of medical instruments – Clean or disinfect? Eight Congress of the International Federation of Infection Control (IFIC) – 032;2011). Diferentes espécies de microrganismos sobrevivem em superfíciesninanimadas do ambiente por um tempo suficientemente longo capaz de ser potencialmente transferidos entre pacientes e profissionais dentro de instituições de saúde (hospitais, clínicas médicas e odontológicas).
A disseminação de microrganismos tem sido demonstrada através de um simples processo de limpeza incapaz de eliminar agentes contaminantes (Kramer A, Schwebk I, Kampf G. How long do nosocomial pathogenes persist on inanimate surfaces? A Systematic review. BMC Infect Dis 2006;6:130 / Exner M. Divergent opinions on surface disinfection: myths or prevention? A review of the literature.
GMS Krankenhaushyg Interdizip 2007;2. Doc 19) .
Limpeza e descontaminação de artigos
Os detergentes constituem uma solução contendo um grupo de substâncias orgânicas e sintéticas ou pós solúveis em água contendo agentes umectantes e emulsificantes que removem e suspendem a sujidade evitando a formação de compostos insolúveis. O uso de um bom detergente pode realizar a remoção da matéria orgânica (sangue, saliva, tecidos, pus), no entanto, durante este processo os microrganismos removidos e residuais não são eliminados, permanecem vivos e dispersos pela solução detergente contribuindo desta forma para o aumento crescente desta população durante a reutilização da solução.
Evidencias demonstraram que processos de limpeza deficientes fora e dentro do Brasil, levaram a problemas de contaminação não só por germes multirresistentes mas também por Micobactérias de Crescimento Rápido (MCR) [Pitombo, Marcos Bettini, Lupi, Otília and Duarte, Rafael Silva. Infecções por micobactérias de crescimento rápido resistentes a desinfetantes: uma problemática nacional?. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., Nov 2009, vol.31, no.11, p.529-533. ISSN 0100-7203 / Viana-Niero C, Lima KV, Lopes ML, Rabello MC, Marsola LR, Brilhante VC, et al. Molecular characterization of Mycobacterium massiliense and Mycobacterium bolletii in isolates collected from outbreaks of infections after laparoscopic surgeries and cosmetic procedures. J Clin Microbiol. 2008;46(3):850-5 / Cardoso AM, Martins de Sousa E, Viana-Niero C, Bonfim de Bortoli F, Pereira das Neves ZC, Leão SC, et al. Emergence of nosocomial Mycobacterium massiliense infection in Goiás, Brazil. Microbes Infect. 2008;10(14-15):1552-7 / Duarte RS, Lourenço MC, Fonseca Lde S, Leão SC, Amorim EdelL, Rocha IL, et al. Epidemic of postsurgical infections caused by Mycobacterium massiliense. J Clin Microbiol. 2009;47(7):2149-55 / Côrtes P.B, Gomes K.M., Duarte R.S. Caracterização da Susceptibilidade a Desinfetantes de Micobactérias de Crescimento Rápido Isoladas de Surtos de Infecções de Sítio Cirúrgico (UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro).
26 Congresso de Microbiologia] obrigando a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) a rever a prática de tais processos para garantir que processos posteriores como desinfecção e esterilização sejam mais eficazes (Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Alerta sobre infecções por micobactéria não tuberculosa após videocirurgia [documento da Internet]. Brasília, DF: ANVISA; 2007 [ citado 7 mar 2007 ]. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/divulga/informes/2007/070307.htm) . Tais processos podem ser comprometidos pela presença de carga orgânica removida com produtos que apenas limpam ou fazem umectação mas não eliminam microrganismos ( ex: composições de detergentes neutros ou enzimáticas).
Produtos para saúde devem ser pelo menos limpos, no entanto, para interromper a cadeia de disseminação de microrganismos, como germes multirresistentes por exemplo, associados à contaminação de ambientes em instituições de saúde, a limpeza de artigos combinada com a eliminação de microrganismos com produtos comprovadamente ativos frente a microrganismos em presença de matéria orgânica, têm sido recomendadas. Princípio de que água e sabão limpa . . . Por que este conceito é cada vez menos aceito pelos profissionais e comunidade científica mundial comprometidos com o Controle de Infecções e biossegurança do que o conceito de limpeza e descontaminação simultânea? Água e sabão, detergentes comuns ou detergentes enzimáticos podem limpar removendo carga orgânica (sujidades) mas não eliminam microrganismos (carga microbiana) podendo ser responsáveis pela geração de meio de cultura, biofilme, contaminando novamente artigos e o
ambiente.
Evidências comprovam que, além de não eliminar microrganismos, detergentes comuns e detergentes enzimáticos tornam-se excelentes meios de cultura, em especial para bactérias Gram negativas (ex: Pseudomonas aeruginosa e germes multirresistentes) que se multiplicam facilmente em meios líquidos ou em superfícies úmidas. Já em 1997, um estudo conduzido por Chan-Myers, Mcalister e Antonoplos, para determinar a natureza e nível de carga microbiana de artigos rígidos com lúmens antes e após a limpeza com detergente enzimático, evidencia tal problema. Foi detectado que o número de bactérias aeróbias e anaeróbias recuperadas após o uso do artigo e antes da limpeza variou entre 12 e 11.940 UFC / artigo. Os cocos Gram positivos e os difteróides foram os microrganismos isolados com maior frequência. Stenotrophomonas spp, Bacillus spp, difteróides, Pseudomonas spp e Staphylococcus spp foram os microrganismos mais frequentes encontrados após a limpeza dos artigos, e a carga microbiana variou entre 7 e 16.175 UFC / artigo. Tais evidências, com o uso desta prática, revelaram um grande aumento da carga microbiana sobre os artigos já no processo de limpeza (Chan-Myers, H; Mcalister, D; Antonoplos, P. Natural bioburden levels detected on rigid lumened medical devices before and after cleaning. American Journal Infection Control. 1997;25:471-476).
Em 1999, um estudo similar a este foi realizado por Chu et al, onde a carga microbiana dos instrumentos cirúrgicos após o uso variou entre 0 e 4.415 UFC / artigo, destes 26% tinham uma carga microbiana maior que 102 e 12% uma carga microbiana maior que 103; após a limpeza com detergente enzimático a carga microbiana variou entre 0 e 5.156 UFC / artigo, destes 33% apresentaram carga microbiana de 102e 13% apresentaram carga microbiana maior que 103.
Os microrganismos recuperados dos instrumentos após o uso foram os cocos Gram positivos e bacilos Gram positivos. Após a limpeza foram detectados Staphylococcus spp e Gram negativos não fermentadores (Stenotrophomonas spp e Pseudomonas spp) (Chu, N.S. et al. Levels of naturally occurring microorganisms on surgical instruments after washing. American Journal Infection Control 1999; 27(4):315-319).
Soluções de limpeza sem atividade antimicrobiana (ex: detergentes neutros, detergentes enzimáticos) não devem ser utilizadas por mais de uma vez devido ao alto risco de contaminação da solução que pode se tornar fonte de disseminação de microrganismos para os produtos para saúde processados, para os profissionais envolvidos com o processo de limpeza e para o ambiente.
Manter os artigos imersos em detergente enzimático, por exemplo, por mais tempo do que o recomendado pelo fabricante, não garante uma limpeza melhor, mas ao contrário, o ambiente formado, cria condições ideais para o crescimento de microrganismos se for considerado que as proteínas (enzimas) podem ser usadas como fonte de energia pelos microrganismos (Pajkos ,A;Vickery, K; Cossart, Y. It’s the biofilm accumulation on endoscopes tubing a contributor to the failure of cleaning and decontamination. Journal of Hospital Infection 2004; .58: 224-229).
Devido a tais evidências, além da exigência dos testes de atividade enzimática e registro para detergentes enzimáticos, a ANVISA, através da RDC Nº 55 – Novembro/2012, determinou que o rótulo dos detergentes enzimáticos contenha obrigatoriamente a seguinte informação: “UTILIZAR IMEDIATAMENTE APÓS O PREPARO. A REUTILIZAÇÃO DA SOLUÇÃO DE LIMPEZA PODE PROVOCAR PERDA DA EFICIÊNCIA, e ainda poderia se acrescentar CONTAMINAÇÃO DA
SOLUÇÃO EM USO, visto que este fato já é amplamente comprovado. Portanto, detergentes enzimáticos são classificados hoje como produtos de uso único não devendo as suas soluções serem utilizadas por mais de uma vez (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. RDC Nº 55 de 14
de novembro de 2012. Detergentes enzimáticos).
No caso do uso de detergentes enzimáticos, pelas comprovadas evidências de contaminação, em especial por bactérias Gram-negativas, os profissionais das Centrais de Material e Esterilização (CME) envolvidos com a limpeza devem descartar a solução utilizada e preparar uma nova solução a cada uso. Tal procedimento deveria ser obrigatoriamente padronizado e observado pelos profissionais de gestão de CME e pelos envolvidos diretamente com os processos de limpeza em hospitais, clínicas médicas e odontológicas, devido ao risco de estarem utilizando soluções de limpeza deficientes e possivelmente contaminadas, contribuindo para a
contaminação de profissionais e do ambiente. Tais exigências elevaram o custo do uso de detergentes enzimáticos pelo excessivo descarte a que agora estão sujeitos e tornaram pouco prática a sua aplicação devido à necessidade de trocas constantes podendo levar os profissionais responsáveis pelo preparo dos mesmos a erros de aplicação, erros de dosagens e possíveis riscos de exposição à substâncias contaminadas, caso reutilizem a solução por mais de uma vez. Evidências que justificam a padronização e uso de produtos contendo detergentes de alcalinidade suave combinados com substâncias ativas antimicrobianas (ex: Alquilamina /Arpo®safe Multi) também para os fins de limpeza e descontaminação de artigos críticos e semicríticos em instituições de saúde:
Em estudo conduzido por Alfa e Howie ficou também demonstrada a habilidade de microrganismos se replicarem em soluções de detergentes enzimáticos. Além disso, levanta-se a questão de saber se os detergentes enzimáticos são realmente a melhor abordagem hoje, ou se podem ser desenvolvidos outros tipos de detergentes alcalinos combinados com substâncias ativas que sejam superiores e que possam ter capacidade de destruição microbiana (Michelle JAlfa, Rosemarie Howie. Modeling microbial survival in buildup biofilm for complex medical device. BMC Infectious diseases, 2009, 9:56).
Seguindo as evidências já anteriormente demonstradas, dentro das modernas práticas e processamento de artigos médicos e odontológicos, é importante entender ainda o que segue para a padronização e uso de detergentes desinfetantes de alcalinidade suave contendo agentes antimicrobianos (Alquilamina / Arpo®safe Multi):
Como o detergente desinfetante com pH de alcalinidade suave age removendo a matéria orgânica e eliminando microrganismos?
Antes de tudo é importante entender, de forma breve, o que é o princípio ativo Alquilamina e quais suas propriedades, em especial quando combinada a um “blend” de tensoativos específicos e em pH de alcalinidade suave.
Alquilaminas, ou aminas terciárias são uma classe de compostos químicos orgânicos nitrogenados podendo ser substâncias derivadas de matérias primas naturais, como o óleo da palmeira e coco, por exemplo . A Alquilamina, além de ser um princípio ativo de alta eficácia antimicrobiana, possui excelente propriedade de umectação com boa penetração da matéria orgânica não promovendo a fixação de sujidade proteica sobre as superfícies onde é aplicada. É um excelente componente de limpeza combinada com detergentes, em especial por estar em pH de alcalinidade suave (9 –10.5).
Como desinfetante a Alquilamina é usada em muitos campos onde há necessidade de eliminação de microrganismos. Por exemplo, desinfecção de produtos para saúde (instrumental cirúrgico e outros) bem como desinfecção de superfícies.
O Arpo®safe Multi é um desinfetante detergente à base de Alquilamina que exibe uma excelente e comprovada eficácia antimicrobiana. Além disso, a atividade antimicrobiana da Alquilamina do Arpo®safe Multi, combinada com dois detergentes (catiônico e não iônico) em pH de alcalinidade suave, proporciona uma excelente ação de limpeza e efeito biocida sinérgico que permite uma diminuição do conteúdo do ingrediente ativo ou um encurtamento do tempo de
ação.
A desinfecção e limpeza alcalina para instrumentos e superfícies de trabalho nos setores hospitalares já é bem conhecida. A Alquilamina não apenas exibe uma boa atividade microbiológica, mas também um efeito de limpeza satisfatório.
Uma boa composição de detergente desinfetante alcalino deve:
– exibir uma boa atividade de desinfecção e elevada eficiência de limpeza com facilidade
de enxague.
– Remover sujidade gordurosa, resíduos de sangue e outras sujidades orgânicas e não
orgânicas de forma não seletiva.
– ser bactericida, fungicida e virucida
– ser ativo mesmo em baixas temperaturas
A composição do Arpo®safe Multi foi pesquisada e desenvolvida para proporcionar uma boa atividade de limpeza e eliminação simultânea de microrganismos. A composição do Arpo®safe Multi, combinada com detergentes específicos, promove uma eficiente atividade de desinfecção e limpeza além de evidenciar boa estabilidade da solução pronta para uso (diluída) podendo ser reutilizada.
A sujidade orgânica encontra-se normalmente em faixa de pH ácido, fixando-se sobre a superfície onde se encontra. Por encontrar-se na faixa de pH de alcalinidade suave (9 – 10.5) um detergente desinfetante, combinado com a substância ativa Alquilamina (Arpo®safe Multi), atua de forma antagônica sobre a sujidade orgânica (ex: sangue e outros) removendo-a de forma não seletiva, ou seja, diferentemente de detergentes à base de enzimas que necessitam de várias enzimas (protease, amilase, lipase e outras) para obterem melhor resultado uma vez que, possuem seletividade e atuam de forma específica sobre seus substratos correspondentes. O
detergente desinfetante alcalino atua diretamente sobre todos os tipos de sujidade presente nos artigos e superfícies fazendo sua remoção (FIG. 1).
Importante evidenciar que, produtos direcionados para a limpeza / descontaminação, por possuírem atividade frente a microrganismos, devem ser testados e apresentar laudos de atividade antimicrobiana de acordo com normas vigentes que comprovem eficácia antimicrobiana (ex: RDC Nº 35 de 16.08.2010/ANVISA ou RDC Nº 14 de 28.02.2087/ANVISA) que dispõe sobre o Regulamento Técnico para produtos com ação antimicrobiana utilizados em produtos para saúde críticos e semicríticos.
Estudos Clínicos, bem como testes oficiais demonstraram a superior atividade de desinfetantes e detergentes contendo substâncias ativas antimicrobianas frente a germes multirresistentes, mesmo em presença de matéria orgânica e sujeira. Por tudo isto detergentes de alcalinidade suave, combinados com substâncias ativas antimicrobianas, vêm sendo considerados produtos de escolha nas modernas e atualizadas práticas de Controle de Infecção e Biossegurança onde processos de umectação, pré-limpeza, limpeza e descontaminação simultânea exigem a eliminação de microrganismos e remoção de sujeira (matéria orgânica).
Resultado da atividade de detergente desinfetante alcalino suave à base de Alquilamina (Arpo®safe Multi) na remoção de matéria orgânica fixada sobre fresas ortopédicas (FIG. 2, 3).
O resultado acima foi obtido após um procedimento inicial de pré-limpeza para remoção da sujidade visível utilizando o produto Arpo®safe Multi e em seguida as fresas foram submersas em cuba contendo a solução do produto preparada a 1% permanecendo por um tempo de contato de 10 minutos. Após o processo de limpeza as fresas foram removidas e enxaguadas seguindo os procedimentos da CME, onde o produto foi testado.
Conclusão
Produtos contendo detergentes de alcalinidade suave, combinados com substâncias ativas antimicrobianas (Alquilamina / Arpo®safe Multi), devido à alta capacidade de limpeza não seletiva, diferentemente de detergentes comuns ou enzimáticos, apresentam ainda comprovada eficácia antimicrobiana promovendo remoção da carga orgânica (sujeira) eliminando simultaneamente a carga microbiana, reduzindo assim os riscos de contaminação para os profissionais responsáveis pelo processo de limpeza e tratamento de produtos para saúde. Por evitarem o risco de contaminação cruzada ajudam também a reduzir o risco de contaminação nos ambientes dos hospitais, clínicas médicas e odontológicas indo de encontro às diretrizes e normas nacionais e internacionais voltadas à segurança do trabalhador da saúde que estão em contato constante com agentes biológicos (microrganismos contaminantes).
ARPO Chimie et Technologie
Arquivo original: ARPOSAFE MULTI – UMECTAÇÃO, PRÉ-LIMPEZA e DESCONTAMINAÇÃO DE ARTIGOS